No que se refere a mercantilização, observa-se que em geral, as empresas declaram como atividades econômicas serviços amplos no campo do audiovisual, o que pode indicar um baixo nível de especialização. Dentre as 88 empresas audiovisuais registradas no Sistema Ancine Digital que estão domiciliadas no Rio Grande do Norte, é possível observar, a partir das atividades econômicas declaradas, que a maior parte das empresas, 51 delas o que corresponde a 57%, atendem à atividade econômica de produção de filmes para publicidade.
A partir dos dados dos Certificado de Produto Brasileiro (CPB) e do Certificado de Registro de Título (CRT) da Ancine concedidos para as obras nacionais, é possível identificar a preponderância da produção publicitária. O CPB foi criado em 2004 e é um selo que prova a titularidade da obra audiovisual brasileira. Já o CRT é um documento conclusivo de cadastro em que a obra audiovisual não publicitária e publicitária está habilitada para ser comercializada. Analisando a quantidade e a porcentagem dos CPBs e CRTs emitidos por estado no Brasil, buscamos organizar os dados considerando os CRTs não publicitários como parâmetro para elaborar o ranking de produção audiovisual comercial entre os estados brasileiros.
Observa-se que a preponderância das produções publicitárias não é uma exclusividade do Rio Grande do Norte, em geral em todos os estados brasileiros a publicidade tem um número maior de registros justamente pela natureza dos produtos e seus regimes de veiculação. No entanto, o número de CRT não publicitário indica a produção audiovisual não publicitária que é comercializada. Uma discrepância entre CPB e CRT não publicitário pode sugerir que as produções audiovisuais são veiculadas em circuitos não comerciais ou não são comercializadas.
A concentração geográfica também se revela nestes dados, já que São Paulo lidera a produção audiovisual brasileira tanto do ponto de vista das obras audiovisuais não publicitárias e das obras audiovisuais publicitárias, seguido pelo Rio de Janeiro. Adotando os CRTs não publicitários emitidos, observamos que o Rio Grande Norte ocupa a 20ª posição considerando as produções audiovisuais que percorreram circuitos comerciais. Observa-se também que a produção audiovisual comercial de nosso estado supera apenas os estados de Alagoas, Sergipe, Tocantins, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima.
COMO CITAR: AIRES, Janaine; ALMEIDA, Juliana; DANTAS, Carla; FERNANDES, Eduardo; RIBEIRO, Igor; SOUZA, Rebeca. Voltado para a publicidade: uma análise da mercantilização do audiovisual potiguar. Observatório do Audiovisual Potiguar, 2020.