Observatório do audiovisual potiguar

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kurta na kombi

A produtora cultural Marcelle Silva, uma das idealizadoras do projeto Kurta na Kombi, participou de um bate-papo no Observatório do Audiovisual Potiguar, no dia 30 de abril. A atividade integrou a programação da disciplina “Tópicos Especiais em Audiovisual – Cinema e Educação” e teve como foco a discussão da proposta do projeto, que promove ações de formação, circulação e exibição audiovisual.

Encontro com Marcelle Silva | créditos da foto: Sofia Carlos

Pensando o audiovisual como uma força capaz de emocionar, provocar reflexões, transformar visões de mundo e fortalecer a representatividade e a diversidade cultural do nosso país, Marcelle Silva e Umara (Luiz Paulo) lançaram, em 2019, em Natal, o coletivo de cinema itinerante Kurta na Kombi. Há cinco anos, o projeto contribui para a garantia dos direitos culturais e para a democratização do acesso ao cinema potiguar e brasileiro, por meio de ações formativas, circulações e exibições em diferentes territórios do estado.

Durante o encontro com a turma da disciplina, Marcelle contou que foi a partir de uma exibição de filmes na comunidade do Paço da Pátria que surgiram algumas inquietações: para onde vai a produção potiguar? Os festivais e mostras do estado realmente dão conta de exibir essa produção? Quem acessa esses filmes? Onde está o cinema potiguar? Foi a partir dessas provocações que o coletivo nasceu, motivado pela vontade de democratizar o cinema local e movimentar a cena audiovisual do Rio Grande do Norte.

Marcelle destacou que o cinema, hoje, é pouco atrativo para grande parte da população, especialmente devido ao alto custo dos ingressos e à limitação das salas de exibição. Segundo dados da ANCINE, o Rio Grande do Norte possui apenas 32 salas de cinema, todas localizadas em shoppings. Com o objetivo de democratizar e ampliar o acesso ao audiovisual potiguar, ela explicou que o coletivo passou a investir em exibições itinerantes, com ações voltadas especialmente para territórios em situação de vulnerabilidade social.

Comentando sobre o processo de montagem das sessões, Marcelle ressaltou que a escolha dos filmes é feita com cuidado, visando garantir uma energia coerente com o público e a realidade local. As sessões são planejadas com a participação das comunidades, uma vez que um dos compromissos do coletivo é estabelecer uma relação afetiva e respeitosa com os territórios onde atua. Outro ponto abordado foi o caráter criativo das exibições: qualquer elemento pode se transformar em tela ou espaço de exibição — basta ter imaginação.

O Kurta na Kombi já passou por 25 bairros de Natal, por mais de 20 cidades potiguares e por cinco estados brasileiros, levando mostras e sessões organizadas pelo próprio coletivo, além de atuar em parceria com festivais como o Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa e o Curta Caicó, promovendo exibições itinerantes dessas mostras.

Kurta na Kombi – Exibição na Vila de Ponta Negra | créditos da foto: Umara @umaraluiz
Kurta na Kombi – Oficina Sustentável de Brinquedos Ópticos | créditos da foto: @obrabofelipe e https://www.instagram.com/kurtanakombi/

Além das exibições, o coletivo também realiza ações formativas. Um exemplo foi a Oficina de Cineclubismo nas Escolas, que teve como objetivo capacitar os participantes a organizarem suas próprias sessões de cinema e debates no ambiente escolar, promovendo o uso do audiovisual como ferramenta educativa. Outra atividade foi a Oficina Sustentável de Brinquedos Ópticos, que contribui para a educação audiovisual ao permitir que crianças desenvolvam criatividade e imaginação ao criarem seus próprios brinquedos e experiências visuais.

Com o bate-papo, aprendemos que, quando o projeto estaciona em uma cidade onde o acesso ao cinema é limitado, ele não apenas exibe filmes — ele se torna um agente cultural e educativo, criando espaços de encontro, troca e reflexão dentro da própria comunidade.

A conversa foi encerrada com uma reflexão sobre o que são telas de exibição, sobre como diversos objetos podem se transformar em suportes para projeção, e sobre a possibilidade de construir estéticas variadas para festivais, mostras e cineclubes. Diversas ideias passaram pela minha cabeça durante a conversa, mas a que mais ficou martelando foi: para onde estão indo os curtas produzidos na universidade? Nós, alunos de audiovisual, produzimos filmes e também queremos que esses filmes sejam vistos. Será que, a partir da provocação sobre “o que são telas?”, não podemos pensar em outras formas de exibir esses trabalhos?

Por Iara Rameiro
Graduanda em Comunicação Social – Audiovisual e bolsista do Observatório do Audiovisual Potiguar

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